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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

LINK PESONALIZADO

BONDFARO

Nós de Lenço, por
Telmo de Lima Freitas - filmado - e
Roberto Cohen - diagramador

Nó Simples ou Chimango
todos os copywrongs da Página do Gaúcho




PASSO 1
PASSO 2

PASSO 3
PASSO 4

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lenda Lagoa Vermelha

Lagoa Vermelha A primeira tentativa dos padres jesuítas, que resultou na fundação de 18 Povos Missioneiros no Rio Grande do Sul, deu em nada. Os bandeirantes de Piratininga, que haviam arrasado as reduções do Guairá caçando e escravizando índios para a escravidão das lavouras de cana-de-açúcar de São Paulo e Rio de Janeiro, quando souberam que os padres tinham vindo mais para o sul e erguido suas aldeias no Tape, vieram aqui fazer o que sabiam fazer. Assim e aos poucos, os padres tiveram que refluir para o oeste, fazendo agora na volta o mesmo caminho que tinham feito na vinda.
E nessa fuga tratavam de levar consigo tudo o que podiam carregar. O que não podiam, queimavam ou enterravam. Casas, plantações, até igrejas foram incendiadas, para que nada ficasse ao emboaba agressor.
Pois diz-que numa dessas avançava pelo Planalto, no rumo da Serra, uma carreta carregada de ouro e prata, fugindo das Missões. Ali vinha a alfaia das igrejas, candelabros, castiçais, moedas, ouro em pó, um verdadeiro tesouro cujo peso faziam os bois peludearem. Com a carreta, alguns índios e padres jesuítas e atrás deles, sedentos de sangue e ouro, os bandeirantes.
Ao chegarem às margens de uma lagoa, não puderam mais. Desuniram os boise atiraram a carreta com toda a sua preciosa carga na lagoa, muito profunda. E vai então os padres mataram os índios carreteiros e atiraram os corpos n'água, para que não contassem a ninguém onde estava o tesouro. Com o sangue dos mortos, a lagoa ficou vermelha.
E lá está, até hoje. Ao seu redor, cresceu uma bela cidade, que tomou seu nome - Lagoa Vermelha. E cada que um dos seus moradores passa na beira das águas coloradas, lembra que ali ninguém se banha, nem pesca, e segundo a tradição, a lagoa não tem fundo. E nas secas mais fortes e nas chuvaradas mais brabas, o nível da lagoa é sempre o mesmo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


Rodeio
 dos Ventos, Barbosa Lessa Barbosa Lessa
Rodeio dos Ventos
Editora Mercado Aberto, 2a edição

As pessoas normais costumam fazer uma só vez ao ano as comemorações de aniversário. Eu, por apaixonado ou exótico, pedi que ela deixasse eu comemorar mensalmente o aniversário dela; e ela permitiu. A cada dia 21, quando saio do escritório ao final do expediente, passo no açougue e pego uma boa costela e passo no súper e trago umas cervejas para a geladeira. A reunião se faz na churrasqueira do meu galpão simbólico, num canto do pátio. Se o tempo está ruim, pode ser que não apareça quase ninguém. Se a noite está linda, preparamos o espírito para receber maior número de amigos.
Ninguém é convidado formalmente; mas basta que alguém seja relacionado com nossa casa para estar informalmente avisado de que será bem-vindo nas noites de 21. Os mais curiosos perguntam qual a razão de ter-se escolhido esse dia e qual o motivo da reunião. Desconverso. E nem mesmo nossos dois filhos sabem que escolhi essa fórmula para renovar, ao menos rima vez por mes, meus agradecimentos a Deus por ter me dado uma companheira tão bacana, tão dedicada e fiel. As coisas de amor devem manter-se em segredo.
Alguns dos nossos amigos são mais assíduos às reuniões. Quase sempre vem o Heleno, carregando o violão e a bonita da Fátima. O Fraga, com seus poemas haicais. O Paolo Mellone, com suas inquietações de marketing e sua postura de visconde rio-grandino. E o Gregório, com a filha Zenaide.
A presença do negro Gregório talvez exija uma pequena explicação.
Ao tempo do meu bisavô, os crioulos Sousa eram nossos escravos. Ao tempo do meu avô, tornaram-se agregados da fazenda, plantando em regime de terça-parte. Ao tempo do meu pai, começaram a se desligar de nossa terra. Ao meu tempo, vários deles já moram em Porto Alegre.
Dos crioulos Sousa que hoje moram em Porto Alegre, só o mais velho se desencaminhou: é aquele que anda aparecendo nas crônicas policiais com o nome de "Crioulo Rengo". O mais moço joga nos juvenis do Internacional e está pintando para o próximo campeonato. Depois vem o meu afilhado, que é programador de computador na PROCERGS.
A Rosália, sempre bonita, casou com um motorista do Banco Sul-Brasileiro, está muito bem. E o Gregório se constitui numa surpresa, pois lá em nosso município nem se ouvia falar em batuque: é pai-de-santo. A filha dele, a Zenaide, é muito bem educadinha; está completando o 12 grau no Colégio Nossa Senhora da Glória.
Mais que o meu próprio afilhado, é o Gregório quem mantém maior relacionamento conosco. Herdou um certo atavismo de subserviência. Faz-nos agrados, traz presentes para meus filhos, sempre pergunta se estamos precisando de alguma coisa em que ele possa ser útil. Para retribuir, eu às vezes compareço às grandes festas no terreiro dele, quando há homenagem a Xangô ou Iemanjá, embora me desagradem tais superstições de baixo espiritismo.
Há cinco meses, em julho, na reunião do dia 21, estávamos molhando a garganta à espera de que o churrasco ficasse bem assado, e o Mellone me perguntou se eu estava fazendo mais alguma nova pesquisa em História ou Folclore - que são duas matérias que eu cultivo por hobby. Respondi que eu gostaria muito de poder apresentar ao Congresso Tradicionalista, em Santo Antônio da Patrulha, uma contribuição séria a respeito da origem da palavra "gaúcho". Pois afinal - argumentei - não se pode aceitar que milhões de pessoas cultivem o gauchismo e desconheçam a origem da palavra, seu sentido, seu valor semântico.
- E qual é a etimologia de "gaúcho"? - perguntou o Fraga, com os olhinhos cintilando, talvez em pré-inspiração para um novo poema.
- Pois aí é que está. decepcionei-o. - Ninguém sabe.
Para que a coisa não ficasse parecendo conversa de doido, entrei em detalhes. Nunca se encontrara uma etimologia plenamente convincente. No Rio Grande do Sul difundiu-se uma explicação lendária, sem nexo, que junta o guarani guahu, "uivo do cão", com o pronome guarani che, "meu", e dessa soma resulta algo completamente diferente: "gente que canta triste" (?). No Uruguai os estudiosos se dividem em duas correntes de opinião.
Uma, do falecido professor Buenaventura Caviglio, reporta-se ao instrumento garrocha, espécie de foice com que outrora cortavam o jarrete dos bois durante as caçadas de couro; garrucho seria o homem portador de garrocha; e como os guaranis não conheciam o som rr, passaram a dizer guahucho.
A outra corrente, liderada pelo professor Fernando Assunção, reporta-se à palavra francesa gauche (pronuncie-se "gôche"), que significa esquerdo e, por extensão, tudo o que não é direito; daí o galicismo espanhol gaucho, aplicado em Geometria e Arquitetura para significar aquilo que está fora de nível; e o primitivo gaúcho era considerado, dentro da superfície ou do plano social, como um defeito da raça espanhola.
- E na Argentina, como é que é? - perguntou a Fátima.
Respondi que, em 1925, um jornal de Buenos Aires promovera uma grande mesa-redonda para esclarecer em definitivo o tema, e os trinta intelectuais presentes só o que conseguiram foi uma confusão maior que antes, ao apresentarem uma ponchada de versões diferentes.
- Só o que se sabe mesmo - fui eu encerrando o assunto - é que o primeiro registro da palavra se deu em 1787, quando o matemático português Dr. José de Saldanha andou por aqui como integrante da comissão demarcadora de limites na banda oriental do Uruguai.
Numa nota de rodapé em seu relatório de trabalho, esclareceu, e eu até já decorei:
"GAUCHE, - palavra espanhola usada neste País Para designar os vagabundos ou ladrões do campo que matam os touros chimarrões, tiram-lhes o couro e vão vender ocultamente nas povoações".
- Mas então é uma palavra pejorativa... comentou o Fraga, decepcionado e já desinspirado.
- Talvez sim, talvez não. De qualquer maneira, pela explicação do demarcador Saldanha a gente ficou sabendo que não é palavra portuguesa. Não era conhecida nem pelos portugueses do Reino nem pelos colonos das ilhas dos Açores.
E como o churrasco já estivesse bem no ponto, antes de ir servindo-o eu pus o ponto final:
- O Congresso está se aproximando e acho que vou terminar não apresentando tese nenhuma. Mas a nossa cultura ficaria muito grata a quem pudesse esclarecer o intrincado enigma. Se algum de vocês puder me ajudar, nada de constrangimento: me ajude.
À saída, o Gregório perguntou-me com certa humildade:
- Não ficarias chateado se eu te ajudasse a descobrir a origem da palavra gaúcho?
Compreendi: ele estava querendo fazer uma das suas bruxarias, sabia da minha incredulidade e, zeloso como era, não queria me ofender com uma intromissão não-consentida. Dei uma risada:
- Vais me dizer que também tens folcloristas entre os teus orixãs?!
- Não posso afirmar nem sim nem não, pois até hoje não precisei procurar nenhum. Mas temos alguns encostos que foram pretos africanos, índios, caboclos, boiadeiros, ao tempo do desbravamento territorial do Rio Grande, e talvez possam me informar alguma coisa.
- Não faço objeção: estás autorizado a convocar quem bem entendas.
- Se, por acaso, eu obtiver alguma mensagem, peço para a Zenaide passar para o papel e vir te trazer.
- x -
Já faz uns dois meses que, certa manhã, no momento em que eu saía de casa para ir trabalhar, apareceu Zenaide e entregou-me uma folha, arrancada de seu caderno escolar.
ORIGEM DA PALAVRA GAÚCHO
Se os brasileiros fossem os primeiros a chegar ao planeta Marte, e lá encontrassem maricanos vivendo na roça, não inventariam uma palavra nova para identificá-los, pois já têm a palavra: roceiro, matuto ou caipira.
Quando os navegadores europeus, a caminho das índias Orientais, descobriram as Índias Ocidentais, para aqui transplantaram a palavra pela qual já identificavam os habitantes autóctones: índios.
Quando o Rei da Espanha mandou casais de agricultores das Ilhas Canárias povoarem a recém-fundada Montevidéu, eles transplantaram a palavra pela qual identificavam o habitante autóctone das ilhas.- guanche, ou guancho.
O Dr. José de Saldanha estava certo ao dizer que se tratava de uma palavra espanhola. Só que não era o espanhol do continente: era o espanhol das Canárias.
Temos certeza de que foi esta a origem da palavra gaúcho, com pequena distorção de pronúncia: guanche, ou guancho.
(Informações dos caboclos Maicá, Saltein e Perdiz, do preto velho Catarino e do colono Juan Bermúdez, concatenadas pelo folclorista Apolinário Porto Alegre e psicografadas por Pai Gregório de Xangô durante o batuque da noite de hoje, 5 de outubro de 1977.)
Intrigado, fui ao Consulado da Espanha perguntar se havia algum canário residente em Porto Alegre. Indicaram-me o Sr. José Juan Morales Gutierrez, diretor de restaurantes da cadeia hoteleira Plaza. Convidei-o para tomar um uísque, ele foi muito simpático, eu não lhe disse realmente que estava tratando de assunto provocado por um pai-de-santo, mas conduzi o papo até que ele me pronunciasse o nome dos habitantes rurais das Canárias. A pronúncia é dificil de reproduzir em português.
Mais parece ganche, ou gantcho; mas também parece ser guantcho, gãotche, gaucho,guahuchi.
Disse-me o Sr. José juan Morales Gutierrez que, se eu quisesse saber mais coisas sobre as Canárias, escrevesse ao Prof. Néstor Alamo, uma sumidade.
Somente hoje pela manhã chegou a resposta à minha carta:
"Las Palmas de Gran Canária, 1O-XII-77.
"Distinguido señor: Espero me perdone usted; he estado de viaje primero y luego he tenido una serie fatigosa de trabajos que me ha impedido el atender a mis compromisos.
"Contesto a la suya de 7 de octubre anterior. Debo decirle que la palabra ganche no existe. Creo que ella debe corresponder a guanche, que sí tiene existência. Esta voz sirve a los habitantes prehispánicos de estas islas. Esta raza tuvo existencia hasta la mitad primera del siglo XVI aunque ya mesclada con los europeos que vinieron a civilizarnos. Hoy, la raza, como tal, está extinguida o casi, aunque en el sur de Tenerife aun se pueden observar débiles vestígios de ella. Acaso en las montañas de las otras islas también.
"Con mis deseos de que tenga una feliz Navidad y el mejor año 78, le saluda
(assinado) Néstor Alamo".
- x -
Ainda há tempo para ultimar e apresentar a tese, agora mês que vem, em Santo Antônio da Patrulha.
Mas tenho certeza de que o plenário vai cair na gargalhada quando me perguntar qual a fonte em que me baseei e eu invocar por testemunhas nada menos que cinco mortos: três caboclos, um negro e um colono canário que por aqui andaram há dois séculos ou mais.
Não, não vou apresentar tese nenhuma.
É claro que a cultura tradicionalista vai sair perdendo. Mas, ficando calado, salvo o meu pêlo e não vou passar por maluco.
Devo manter em segredo, para sempre, esta minha descoberta sobre a verdadeira origem da palavra gaúcho.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A origem da palavra "Gaúcho"


 
Rodeio
 dos Ventos, Barbosa Lessa Barbosa Lessa
Rodeio dos Ventos
Editora Mercado Aberto, 2a edição

As pessoas normais costumam fazer uma só vez ao ano as comemorações de aniversário. Eu, por apaixonado ou exótico, pedi que ela deixasse eu comemorar mensalmente o aniversário dela; e ela permitiu. A cada dia 21, quando saio do escritório ao final do expediente, passo no açougue e pego uma boa costela e passo no súper e trago umas cervejas para a geladeira. A reunião se faz na churrasqueira do meu galpão simbólico, num canto do pátio. Se o tempo está ruim, pode ser que não apareça quase ninguém. Se a noite está linda, preparamos o espírito para receber maior número de amigos.
Ninguém é convidado formalmente; mas basta que alguém seja relacionado com nossa casa para estar informalmente avisado de que será bem-vindo nas noites de 21. Os mais curiosos perguntam qual a razão de ter-se escolhido esse dia e qual o motivo da reunião. Desconverso. E nem mesmo nossos dois filhos sabem que escolhi essa fórmula para renovar, ao menos rima vez por mes, meus agradecimentos a Deus por ter me dado uma companheira tão bacana, tão dedicada e fiel. As coisas de amor devem manter-se em segredo.
Alguns dos nossos amigos são mais assíduos às reuniões. Quase sempre vem o Heleno, carregando o violão e a bonita da Fátima. O Fraga, com seus poemas haicais. O Paolo Mellone, com suas inquietações de marketing e sua postura de visconde rio-grandino. E o Gregório, com a filha Zenaide.
A presença do negro Gregório talvez exija uma pequena explicação.
Ao tempo do meu bisavô, os crioulos Sousa eram nossos escravos. Ao tempo do meu avô, tornaram-se agregados da fazenda, plantando em regime de terça-parte. Ao tempo do meu pai, começaram a se desligar de nossa terra. Ao meu tempo, vários deles já moram em Porto Alegre.
Dos crioulos Sousa que hoje moram em Porto Alegre, só o mais velho se desencaminhou: é aquele que anda aparecendo nas crônicas policiais com o nome de "Crioulo Rengo". O mais moço joga nos juvenis do Internacional e está pintando para o próximo campeonato. Depois vem o meu afilhado, que é programador de computador na PROCERGS.
A Rosália, sempre bonita, casou com um motorista do Banco Sul-Brasileiro, está muito bem. E o Gregório se constitui numa surpresa, pois lá em nosso município nem se ouvia falar em batuque: é pai-de-santo. A filha dele, a Zenaide, é muito bem educadinha; está completando o 12 grau no Colégio Nossa Senhora da Glória.
Mais que o meu próprio afilhado, é o Gregório quem mantém maior relacionamento conosco. Herdou um certo atavismo de subserviência. Faz-nos agrados, traz presentes para meus filhos, sempre pergunta se estamos precisando de alguma coisa em que ele possa ser útil. Para retribuir, eu às vezes compareço às grandes festas no terreiro dele, quando há homenagem a Xangô ou Iemanjá, embora me desagradem tais superstições de baixo espiritismo.
Há cinco meses, em julho, na reunião do dia 21, estávamos molhando a garganta à espera de que o churrasco ficasse bem assado, e o Mellone me perguntou se eu estava fazendo mais alguma nova pesquisa em História ou Folclore - que são duas matérias que eu cultivo por hobby. Respondi que eu gostaria muito de poder apresentar ao Congresso Tradicionalista, em Santo Antônio da Patrulha, uma contribuição séria a respeito da origem da palavra "gaúcho". Pois afinal - argumentei - não se pode aceitar que milhões de pessoas cultivem o gauchismo e desconheçam a origem da palavra, seu sentido, seu valor semântico.
- E qual é a etimologia de "gaúcho"? - perguntou o Fraga, com os olhinhos cintilando, talvez em pré-inspiração para um novo poema.
- Pois aí é que está. decepcionei-o. - Ninguém sabe.
Para que a coisa não ficasse parecendo conversa de doido, entrei em detalhes. Nunca se encontrara uma etimologia plenamente convincente. No Rio Grande do Sul difundiu-se uma explicação lendária, sem nexo, que junta o guarani guahu, "uivo do cão", com o pronome guarani che, "meu", e dessa soma resulta algo completamente diferente: "gente que canta triste" (?). No Uruguai os estudiosos se dividem em duas correntes de opinião.
Uma, do falecido professor Buenaventura Caviglio, reporta-se ao instrumento garrocha, espécie de foice com que outrora cortavam o jarrete dos bois durante as caçadas de couro; garrucho seria o homem portador de garrocha; e como os guaranis não conheciam o som rr, passaram a dizer guahucho.
A outra corrente, liderada pelo professor Fernando Assunção, reporta-se à palavra francesa gauche (pronuncie-se "gôche"), que significa esquerdo e, por extensão, tudo o que não é direito; daí o galicismo espanhol gaucho, aplicado em Geometria e Arquitetura para significar aquilo que está fora de nível; e o primitivo gaúcho era considerado, dentro da superfície ou do plano social, como um defeito da raça espanhola.
- E na Argentina, como é que é? - perguntou a Fátima.
Respondi que, em 1925, um jornal de Buenos Aires promovera uma grande mesa-redonda para esclarecer em definitivo o tema, e os trinta intelectuais presentes só o que conseguiram foi uma confusão maior que antes, ao apresentarem uma ponchada de versões diferentes.
- Só o que se sabe mesmo - fui eu encerrando o assunto - é que o primeiro registro da palavra se deu em 1787, quando o matemático português Dr. José de Saldanha andou por aqui como integrante da comissão demarcadora de limites na banda oriental do Uruguai.
Numa nota de rodapé em seu relatório de trabalho, esclareceu, e eu até já decorei:
"GAUCHE, - palavra espanhola usada neste País Para designar os vagabundos ou ladrões do campo que matam os touros chimarrões, tiram-lhes o couro e vão vender ocultamente nas povoações".
- Mas então é uma palavra pejorativa... comentou o Fraga, decepcionado e já desinspirado.
- Talvez sim, talvez não. De qualquer maneira, pela explicação do demarcador Saldanha a gente ficou sabendo que não é palavra portuguesa. Não era conhecida nem pelos portugueses do Reino nem pelos colonos das ilhas dos Açores.
E como o churrasco já estivesse bem no ponto, antes de ir servindo-o eu pus o ponto final:
- O Congresso está se aproximando e acho que vou terminar não apresentando tese nenhuma. Mas a nossa cultura ficaria muito grata a quem pudesse esclarecer o intrincado enigma. Se algum de vocês puder me ajudar, nada de constrangimento: me ajude.
À saída, o Gregório perguntou-me com certa humildade:
- Não ficarias chateado se eu te ajudasse a descobrir a origem da palavra gaúcho?
Compreendi: ele estava querendo fazer uma das suas bruxarias, sabia da minha incredulidade e, zeloso como era, não queria me ofender com uma intromissão não-consentida. Dei uma risada:
- Vais me dizer que também tens folcloristas entre os teus orixãs?!
- Não posso afirmar nem sim nem não, pois até hoje não precisei procurar nenhum. Mas temos alguns encostos que foram pretos africanos, índios, caboclos, boiadeiros, ao tempo do desbravamento territorial do Rio Grande, e talvez possam me informar alguma coisa.
- Não faço objeção: estás autorizado a convocar quem bem entendas.
- Se, por acaso, eu obtiver alguma mensagem, peço para a Zenaide passar para o papel e vir te trazer.
- x -
Já faz uns dois meses que, certa manhã, no momento em que eu saía de casa para ir trabalhar, apareceu Zenaide e entregou-me uma folha, arrancada de seu caderno escolar.
ORIGEM DA PALAVRA GAÚCHO
Se os brasileiros fossem os primeiros a chegar ao planeta Marte, e lá encontrassem maricanos vivendo na roça, não inventariam uma palavra nova para identificá-los, pois já têm a palavra: roceiro, matuto ou caipira.
Quando os navegadores europeus, a caminho das índias Orientais, descobriram as Índias Ocidentais, para aqui transplantaram a palavra pela qual já identificavam os habitantes autóctones: índios.
Quando o Rei da Espanha mandou casais de agricultores das Ilhas Canárias povoarem a recém-fundada Montevidéu, eles transplantaram a palavra pela qual identificavam o habitante autóctone das ilhas.- guanche, ou guancho.
O Dr. José de Saldanha estava certo ao dizer que se tratava de uma palavra espanhola. Só que não era o espanhol do continente: era o espanhol das Canárias.
Temos certeza de que foi esta a origem da palavra gaúcho, com pequena distorção de pronúncia: guanche, ou guancho.
(Informações dos caboclos Maicá, Saltein e Perdiz, do preto velho Catarino e do colono Juan Bermúdez, concatenadas pelo folclorista Apolinário Porto Alegre e psicografadas por Pai Gregório de Xangô durante o batuque da noite de hoje, 5 de outubro de 1977.)
Intrigado, fui ao Consulado da Espanha perguntar se havia algum canário residente em Porto Alegre. Indicaram-me o Sr. José Juan Morales Gutierrez, diretor de restaurantes da cadeia hoteleira Plaza. Convidei-o para tomar um uísque, ele foi muito simpático, eu não lhe disse realmente que estava tratando de assunto provocado por um pai-de-santo, mas conduzi o papo até que ele me pronunciasse o nome dos habitantes rurais das Canárias. A pronúncia é dificil de reproduzir em português.
Mais parece ganche, ou gantcho; mas também parece ser guantcho, gãotche, gaucho,guahuchi.
Disse-me o Sr. José juan Morales Gutierrez que, se eu quisesse saber mais coisas sobre as Canárias, escrevesse ao Prof. Néstor Alamo, uma sumidade.
Somente hoje pela manhã chegou a resposta à minha carta:
"Las Palmas de Gran Canária, 1O-XII-77.
"Distinguido señor: Espero me perdone usted; he estado de viaje primero y luego he tenido una serie fatigosa de trabajos que me ha impedido el atender a mis compromisos.
"Contesto a la suya de 7 de octubre anterior. Debo decirle que la palabra ganche no existe. Creo que ella debe corresponder a guanche, que sí tiene existência. Esta voz sirve a los habitantes prehispánicos de estas islas. Esta raza tuvo existencia hasta la mitad primera del siglo XVI aunque ya mesclada con los europeos que vinieron a civilizarnos. Hoy, la raza, como tal, está extinguida o casi, aunque en el sur de Tenerife aun se pueden observar débiles vestígios de ella. Acaso en las montañas de las otras islas también.
"Con mis deseos de que tenga una feliz Navidad y el mejor año 78, le saluda
(assinado) Néstor Alamo".
- x -
Ainda há tempo para ultimar e apresentar a tese, agora mês que vem, em Santo Antônio da Patrulha.
Mas tenho certeza de que o plenário vai cair na gargalhada quando me perguntar qual a fonte em que me baseei e eu invocar por testemunhas nada menos que cinco mortos: três caboclos, um negro e um colono canário que por aqui andaram há dois séculos ou mais.
Não, não vou apresentar tese nenhuma.
É claro que a cultura tradicionalista vai sair perdendo. Mas, ficando calado, salvo o meu pêlo e não vou passar por maluco.
Devo manter em segredo, para sempre, esta minha descoberta sobre a verdadeira origem da palavra gaúcho.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cronologia

Cronologia  
Antônio Augusto Fagundes
Curso de Tradicionalismo Gaúcho
Martins Livreiro Editor, 1995
  • 1501
    Caravelas portuguesas, primeiro e logo depois as espanholas começam a aparecer nas costas gaúchas, mas sem desembarque, porque as praias eram perigosas e não havia portos naturais.

  • 1531
    Os navegantes portugueses Martim Afonso de Souza e Pero Lopes, sem desembarcar nas praias gaúchas, batizam com o nome de Rio Gande de São Pedro a barra que vai permitir mais tarde a passagem de navios do Oceano Atlântico para a Lagoa dos Patos.

  • 1626
    O padre jesuíta Roque Gonzalez de Santa Cruz, nascido no Paraguai, atravessa o rio Uruguai e funda o povo de São Nicolau, assinalando oficialmente a chegada o homem branco ao território gaúcho.

  • 1634
    O padre jesuíta Cristobal de Mendonza Orellana (Cristóvão de Mendonza) introduzo gado nas Missões Orientais, o que vai justificar mais tarde o surgimento do gaúcho.

  • 1641
    Os jesuítas são expulsos do Rio Grande do Sul pelos bandeirantes, depois de fundarem 18 reduções ou povos. Essas aldeias foram todas arrasadas e o gado, um pouco foi escondido ba Vacara dos Pinhais, outro pouco levaram para a Argentina na sua fuga e a maior parte se esparramou, virando "chimarrão", que quer dizer selvagem. Graças ao padre Cristóvão Mendonza, esse gado, que não tinha marca nem sinal, ficou também chamado "orelhano".

  • 1682
    Os bandeirantes estão ocupados com o ouro e as pedras preciosas das Gerais, esquecendo os nossos índios. Voltam então os jesuítas espanhóis ao solo gaúcho, fundando primeiro São Francisco de Borja, hoje a cidade de São Borja, o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do Sul. Entre 1682 a 1701 eles fundaram 8 povos em território gaúcho, dos quais 7 prosperaram que se tornaram os 7 povos das Missões: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourença Martin, São João Batista e Santo ângelo Custódio.

  • 1750
    Assinado o Tratado de Madri entre Espanha e Portugal, pelo qual os portugueses dão aos espanhóis a Colônia de Sacramento e recebem em troca os 7 Povos das Missões. Os padres jesuítas espanhóis não se conformam com a troca e os índios missioneiros se revoltam. Vai começar a chamada Guerra das Missões.

  • 1756
    A 7 de fevereiro morre em uma escaramuça o índio José Tiarayu, o Sepé, junto a Sanga da Bica (hoje dentro do perímetro urbano de São Gabriel) morto pelas forças espanholas e portuguesas. Três dias mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no município de São Gabriel) onde, em uma hora e 10 minutos os exércitos de Espanha e Portugal mataram quase 1.500 índios e tiveram apenas 4 baixas. Em Caiboaté foi vencida a resistência missioneira definitivamente. Ao abandonarem as Missões, os jesuítas carregaram o que puderam e incendiaram lavouras, casas e até igrejas.

  • 1763
    Tropas espanholas invadem o Brasil, apoderando-se do Forte de Santa Tereza e da cidade de Rio Grande e de São José do Norte. No período de dominação espanhola começa a brilhar um herói autenticamente gaúcho: Rafael Pinto Bandeira.

  • 1776
    Os espanhóis são expulsos do Rio Grande. Mas o forte de Santa Tereza jamais foi recuperado. Hoje está em território uruguaio.

  • 1780
    Vindo do Ceará, o português José Pinto Martins funda em Pelotas a primeira charqueada com características empresariais. Logo as charqueadas vão ser decisivas na economia gaúcha. O negro entra maciçamente no RGS, como escravo das charqueadas.

  • 1811
    Pedro José Vieira, vulgo "Perico, el Bailarín", que era gaúcho de Viamão, acompanhado pelo uruguaio Venâncio Benavidez dá o Grito de Asencio, que é o primeiro grito da independência do Uruguai. Surge o grande herói uruguaio "José Artigas".

  • 1815
    Tropas brasileiras e portuguesas tomam Montevidéu anexando o Uruguai ao Brasil com o nome de Província Cisplatina.

  • 1824
    A 18 de julho desembarcam em Porto Alegre os primeiros 39 colonos alemães. A 25 de julho eles se instalam nas margens do rio dos Sinos, na Real Feitoria do Linho Cânhamo, hoje a cidade de São Leopoldo.

  • 1835
    Explode a Revolução Farroupilha. A 20 de setmbro, os revolucionários comandados por Bento Gonçalves tomam Porto Alegre, capital da Província. As causas são políticas, econômicas, sociais e militares. A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul estava arrasada pelas guerras e praticamente abandonada pelo Império do Brasil, meio desgovernado depois da volta de Dom Pedro I a Portugal.

  • 1836
    A 11 de setembro o coronel farroupilha Antonio de Souza Neto, depois de estrondosa vitória sobre as forças imperiais brasileiras no Seival, proclama a República Rio-Grandense. Nesse mesmo ano Bento Gonçalves da Silva é aprisionado após a batalha da ilha do Fanfa e enviado com muitos oficiais farrapOS ao Rio de Janeiro e depois para o Forte do Mar, na Bahia. O governo da nova República se instala em Piratini e Bento Gonçalves da Silva é eleito presidente. Como está preso, assume em seu lugar José Gomes de Vasconcelos Jardim. Piratini é a Capital.

  • 1837
    Organiza-se o governo republicano. São nomeados Generais Antonio de Souza Neto, João Manoel de Lima e Silva, Bento Gonçalves da Silva e mais tarde David Canabarro, Bento Manoel Ribeiro e João Antonio da Silveira. Enquanto drou, a República Rio-grandense só teve estes seis Generais.

    Nesse mesmo ano, a maçonaria consegue dar fuga a Bento Gonçalves, que de volta ao Rio Grande assume a Presidência da República.

  • 1939
    A República parece consolidada, a marinha de guerra está sob o comando efetivo de José Garibaldi, corsário italiano trazido ao Rio Grande pelo Conde Livio Zambeccari, através da maçonaria. Os farrapos decidem levar a república ao Brasil. Um exército comandado por David Canabarro e apoiado pela Marinha de Garibaldi proclama em Santa Catarina e República Juliana.

    A capital da República Rio-grandense passa a ser Caçapava.

  • 1841
    A Capital da República Rio-Grandense passa a ser Alegrete, onde se instala a Assembléia Nacional constituinte.

  • 1842
    Bento Gonçalves da Silva, no começo deste ano, se bate em duelo com Onofre Pires, que morre em conseqüência dos ferimentos. Após o duelo Bento Gonçalves da Silva entrega o governo e o comando do exército republicano.

  • 1845
    A 28 de fevereiro os farrapos assinam a paz com o Império do Brasil no acampamento do Ponche Verde, em Dom Pedrito. O Rio Grande do Sul volta a fazer parte do Brasil.
  • 1847
    Morre Bento Gonçalves da Silva, em Pedras Brancas, hoje Guaíba. O grande herói gaúcho estava pobre e doente quando terminou a Guerra dos Farrapos.

  • 1851
    Antigos farrapos, ao lado de seus ex-inimigos, agora todos fazendo parte do exército imperial brasileiro, derrotam o ditador Rosas da Argentina.

  • 1852
    Nesse anos aparece a primeira pesquisa sobre o folclore gaúcho, uma coleção de vocábulos e frases organizados por Antonio Alvares Ferreira Coruja.

  • 1857
    Intelectuais gaúchos imigrados na Corte, fundam no Rio de Janeiro a primeira entidade tradicionalista gauchesca, a Sociedade Sul-rio-grandense, que existe até hoje.

  • 1864
    Os gaúchos tomam parte na invasão do Uruguai e na derrota de Oribe.

  • 1865
    Em conseqüência da guerra no Uruguai, o ditador paraguaio Francisco Solano Lopes, declarando guerra ao Brasil, invade o Rio Grande do Sul, em São Borja. Começa a chamada Guerra do Paraguai. Nesse mesmo ano o Brasil faz aliança com o novo governo uruguaio e com a Argentina e os paraguaios invasores são cercados em Uruguaiana, onde se rendem às tropas da Tríplice Aliança.

  • 1868
    Funda-se em Porto Alegre a Sociedade Partenon Literário, decisiva para o regionalismo gauchesco. Entre seus grandes nomes Caldre FIão, Apolinário Porto Alegre, Taveira Junior e Múcio Teixeira.

  • 1868
    Cmeça o movimento messiânico dos Muckers, em Sapiranga, liderado por Jacobina Maurer.

  • 1870
    Termina a Guerra do Paraguai com a morte de Francisco Solano Lopes. Mais de 1/3 das tropas brasileiras é constituído por gaúchos, inclusive velhor heróis de 35, como David Canabarro e Antonio de Souza Neto.

  • 1874
    Os Muckers, depois de três ataques do exército brasileiro e da Guarda Nacional, são finalmente afogados em um banho de sangue, vencida a sua resistêcia.

  • 1875
    Começa a imigração italiana no Rio Grande do Sul. COmo os imigrantes alemães jã tinham ocupado os férteis vales fluviais, os italianos passam a ocupar as encostas da Serra.

  • 1880
    Começa no Rio Grande do Sul a propaganda republicana brasileira, aproveitando os antigos símbolos do republicanismo farrapo.

  • 1888
    A abolição da escravatura é proclamada no Brasil quando já no Rio Grande do Sul não existiam mais escravos. O negro veio para o pampa em 1726, com a frota de João de Magalhães.

    O escravo foi mão-de-obra indispensável nas charqueadas. Como voluntário e liberto lutou com grande bravura na Revolução Farroupilha. Como escravo e bucha de canhão lutou galhardamente na Guerra do Paraguai. Um ds maiores heróis da marinha brasileira foi um fuzileiro negro, gaúcho de Rio Grande, chamado Marcílio Dias.

  • 1889
    É proclamada a República no Brasil. No Rio Grande do Sul o homem do momento é Júlio de Castilhos. O Partido Republicano Rio-grandense, que não esperava a proclamação tão cedo, não estava preparado para assumir o poder. O Rio Grande do Sul, com a República, deixa de ser Província e passa a ser Estado.

  • 1893
    Começa a Revolução Federalista contra o Governo Republicano chefiado por Júlio de Castilhos. Do lado dos revolucionários tomaram parte na Revolução de 93 muitos uruguaios, alguns dos quais do Departamento de San José, os chamados "Maragatos".

    Aos poucos este termo foi sendo usado para designar todos os revolcionários que usavam como símbolo o lenço vermelho ao pescoço. Os guerrilheiros que lutaram a favor do governo usavam o lenço branco (mais raramente o verde) e usavam às vezes uma farda azul com gorro da mesma cor encimado por uma borla vermelha. Por isso, foram chamados de Pica-paus.

  • 1894
    Funda-se em Montevidéu, no circo dos irmãos Podestá, a Sociedade La Criolla, entidade tradicionalista que existe até hoje.

  • 1895
    Assinada a paz entre Pica-paus e Maragatos e termina a chamada Revolução de 93, que foi sangrenta e brutal, com muitas degolas.

  • 1897
    É finalmente vencida a resistência de Canudos, na Bahia, onde Antonio Conselheiro, com seus jagunços, estava enfrentando com êxito o exército brasileiro. A vitória só é alcançada com uma carga de lança dos cavalarianos gaúchos do Coronel Carlos Teles, de Bagé.

  • 1898
    Funda-se em Porto Alegre, a 22 de maio, o Grêmio Gaúcho, cujo grande líder é o Major João Cezimbra Jacques, que buscou a inspiração na Sociedade "La Criolla" de Montevidéu. O Grêmio foi a primeira entidade tradicionalista no Rio Grande do Sul. Existe até hoje, embora tenha perdido o seu caráter tradicionalista. Graças a seu pioneirismo, o Major João Cezimbra Jacques é hoje o Patrono do Tradicionalismo do Rio Grande do Sul.

  • 1899
    A 10 de setembro é fundada em Pelotas e União Gaúcha. Seu grande líder é o genial escritor Simões Lopes Neto. Depois de muitos anos a União paralizou as suas atividades e ressurgiu com atual surto tradicionalista adotando o nome União Gaúcha J. Simões Lopes.

  • 1901
    A 19 de outubro funda-se em Santa Maria o Grêmio Gaúcho, inspirado na entidade de mesmo nome fundada em Porto Alegre pelo santamariense Cezimbra Jacques.

  • 1902
    O movimento messiânico conhecido como "Os Monges do Pinheirinho", em Encantado é massacrado pela Brigada Militar.

  • 1917
    Funda-se o primeiro frigorífico no Rio Grande do Sul, aproveitando a oportunidade econômica aberta pela I Guerra Mundial Os frigoríficos, a rigor, vieram substituir as antigas charqueadas.

  • 1923
    No começo do ano a Aliança Liberal, chefiada por Assis Brasil, deflagra uma revolução contra o Governo Republicano de Borges de Medeiros. Novamente lutam nas coxilhas gaúchas maragatos e governistas, mas estes, agora, são chamads "chimangos". A paz só é alcançada no fim do ano no Castelo de Assis Brasil, em Pedras Altas, Pelotas.

  • 1924
    Jovens tenentes liderados pelo Capitão Luiz Carlos Prestes levantam mas Missões militares e civis contra o governo brasileiro, de Artur Bernardes. Vai começar a odisséia da Coluna Prestes. Poucos anos depois a Brigada Militar viajará até de navio para o nordeste brasileiro a fim de ajudar na caçada da "Coluna Prestes".

  • 1926
    A Coluna Prestes continua sua marca invicta pelos sertões brasileiros. Em Santa Maria, no RGS, os rimãos Etchegoyen levantam militares e civis em armas contra o governo. Apesar de vitórias iniciais o movimento se dissolve sem maiores conseqüências.

  • 1928
    Registram-se movimentos armados em Bom Jesus.

  • 1930
    Chimangos e maragatos marcham lado a lado na revolução que derruba o presidente brasileiro Washington Luiz e coloca no poder Getúlio Vargas. Os gaúchos amarram os cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, Capital da República.

O chimarrão

A ERVA-MATE - MATE AMARGO OU CHIMARRÃO
O Chimarrão é proveniente da cultura dos Índios Guarani. Composto da erva-mate cevada, é preparado em uma cuia proveniente do fruto porongo, servido com água quente e bebido através de um canudo de metal chamado de bomba.

A erva-mate é proveniente da planta de nome científico Ilex Paraguariensis, encontrada em abundância nas matas do Sul do Brasil. Realmente é uma bebida especial, tanto pela sua cultura, quanto pelo seu valor nutritivo, dificilmente encontrado em outra planta no mundo.

Conhecido por ser o símbolo da hospitalidade e amizade do gaúcho, o chimarrão é servido cordialmente aos clientes do Vento Haragano, como em toda tradicional casa de família gaúcha.

Erva-Mate árvore simbolo do Rio Grande do Sul
 

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
Sistema LEGIS - Texto da Norma

LEI:   7.439 

           LEI Nº 7.439, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1980.

           Institui a Erva-Mate "Ilex Paraquariensis" como a Árvore Símbolo do Rio Grande do Sul.

           JOSÉ AUGUSTO AMARAL DE SOUZA, Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

           Faço saber em cumprimento ao disposto no artigo 66, item IV, da Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono e promulgo a Lei seguinte:

           Art. 1º - É consagrada como símbolo do Estado do Rio Grande do Sul a Erva-Mate "Ilex Paraquariensis".

           Art. 2º - Fica instituída a "Semana Estadual da Erva-Mate", a ser comemorada, anualmente, na segunda semana do mês de setembro.

           Art. 3º - As comemorações de caráter cívico-cultural e popular serão organizadas pelas Secretarias de Estado da Agricultura, de Educação e de Cultura, Desporto e Turismo, através de Comissão Especial designada, anualmente, pelos respectivos titulares, para tal fim.

           Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.

           Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

           PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 8 de dezembro de 1980.
Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul